Por: Isabela Souto
Em um mercado cada vez mais movido por dados e automação, a evolução das empresas não depende apenas de investir em tecnologia, mas da capacidade de integrá-la com responsabilidade e estratégia.
A Inteligência Artificial (IA), antes cercada de desconfiança e mitos, hoje se consolida como ferramenta indispensável para quem busca eficiência. Quem ainda não aderiu a essa realidade já sente os impactos de ficar para trás.
De atendimentos automatizados à coleta massiva de dados, da identificação de padrões ao recrutamento de talentos, do armazenamento de informações e autenticação através da biometria à tomada de decisões estratégicas, a IA já molda os negócios do mundo todo.
Mas, à medida que a tecnologia avança, o compromisso com a privacidade de dados deve caminhar lado a lado e não pode ser negligenciado. É nesse cenário que a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) assume um papel crucial.
Longe de ser um obstáculo à inovação, a LGPD é um pilar essencial para que ela ocorra de forma segura, transparente e ética. Em tempos em que algoritmos induzem decisões que impactam diretamente a vida das pessoas, estar em conformidade deixou de ser apenas uma obrigação legal e passou a ser uma exigência estratégica.
A LGPD regula todo o ciclo de vida dos dados pessoais: desde a coleta e armazenamento até o uso e compartilhamento dessas informações. A lei exige que o tratamento seja feito com base em finalidade legítima, consentimento claro e transparência, além de impor às empresas a obrigação de adotar medidas de segurança, prevenção e governança.
Os primeiros indícios de que uma organização não está em conformidade, geralmente aparecem em situações cotidianas: ausência de políticas claras de privacidade e monitoramento dos dados pessoais coletado, falhas de segurança cibernética, ou ainda coleta excessiva de informações sem justificativa. Esses sinais servem de alerta e podem resultar em sanções administrativas, perdas financeiras e danos à reputação.
Por isso, os pontos de atenção devem incluir:
- Mapear riscos e oportunidades no uso de Inteligência Artificial e dados pessoais;
- Revisar contratos e políticas internas, garantindo que estejam em conformidade com a LGPD;
- Elaborar ou atualizar termos de consentimento e políticas de privacidade, de forma clara e eficaz;
- Treinar equipes para lidar corretamente com dados e novas tecnologias;
- Atuar preventivamente, evitando litígios e possíveis sanções da Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD); e,
- Acompanhar incidentes de segurança, reduzindo danos jurídicos.
Com isso, a atuação jurídica se torna indispensável. Com essa assessoria, a empresa não apenas se protege de riscos, mas também se posiciona de maneira estratégica, mostrando ao mercado que investe em inovação sem esquecer de suas responsabilidades.
A informação hoje ocupa um lugar valioso dentro das grandes empresas, e adotar Inteligência Artificial sem alinhamento à LGPD, significa colocar algo valioso em grande risco. Empresas que compreendem essa realidade não apenas evitam multas e sanções, mas também conquistam algo ainda mais valioso: a confiança, preservando, inclusive, o direito ao esquecimento. Sempre será um grande desafio acompanhar a velocidade que a tecnologia avança, mas é justamente nesse cenário que se torna indispensável buscar o equilíbrio entre inovação e ética. Antecipar soluções e atuar em conformidade com a LGPD é o caminho para garantir que Inteligência Artificial e a proteção de dados não sejam inimigas, mas aliadas estratégicas. Essa integração permite que indivíduos e empresas mantenham o controle sobre suas informações e usufruam de seus benefícios de forma segura e eficiente, transformando riscos em oportunidades.